Os bastidores da rivalidade entre Benfica e Porto (histórias que poucos conhecem)

A rivalidade entre Benfica e Porto é uma das mais intensas e apaixonantes do futebol português. Mais do que uma simples disputa desportiva, este confronto envolve questões regionais, culturais e históricas que transcendem os relvados.

Ao longo das décadas, águias e dragões protagonizaram momentos épicos dentro e fora do campo, mas os bastidores desta rivalidade guardam histórias curiosas e polémicas que poucos conhecem.

1 – A origem da rivalidade: Lisboa vs Porto

A rivalidade começou muito antes de Benfica e Porto se tornarem os gigantes do futebol português. No início do século XX, as cidades de Lisboa e Porto já disputavam protagonismo no país, com Lisboa a concentrar o poder político e económico e o Porto a afirmar-se como símbolo da resistência regional.

Quando o futebol começou a ganhar popularidade em Portugal, esta rivalidade regional refletiu-se nas competições desportivas. Benfica e Porto, como representantes das suas respetivas regiões, tornaram-se os emblemas desta disputa que rapidamente evoluiu para uma das maiores rivalidades do desporto nacional.

2 – A polémica transferência de Futre

Uma das histórias mais icónicas dos bastidores da rivalidade envolve Paulo Futre, um dos maiores talentos do futebol português. Em 1984, o jovem jogador saiu da formação do Sporting para ingressar no Porto, onde brilhou sob o comando de Artur Jorge.

No entanto, anos mais tarde, Futre revelou que esteve perto de assinar pelo Benfica antes de rumar ao Porto. Segundo o próprio, divergências financeiras e uma maior aposta do Porto no projeto desportivo foram determinantes para a sua escolha.

A transferência foi vista como uma vitória simbólica dos dragões sobre o rival lisboeta, aumentando ainda mais a tensão entre os clubes.

3 – A famosa “fruta para dormir”

Nos anos 2000, a rivalidade atingiu novos níveis de polémica com o escândalo do “Apito Dourado”. Um conjunto de escutas telefónicas revelou alegados esquemas de corrupção no futebol português, envolvendo figuras de destaque do FC Porto.

Uma das expressões mais marcantes foi a referência à “fruta para dormir”, supostamente usada como código para subornos a árbitros. Apesar das investigações e sanções, o caso nunca apagou o impacto desportivo do Porto, que continuou a somar títulos.

No entanto, este episódio alimentou teorias conspiratórias e reforçou a desconfiança entre os dois clubes.

4 – Eusébio vs Cubillas: os ícones do passado

Nos anos 60 e 70, a rivalidade Benfica vs Porto era personificada por Eusébio e Cubillas, duas lendas do futebol que marcaram épocas nos respetivos clubes. Enquanto Eusébio era o símbolo da glória benfiquista, Cubillas representava a ambição e resiliência dos dragões.

Os encontros entre os dois jogadores em campo eram verdadeiros espetáculos, mas os bastidores das suas relações mostram respeito mútuo, algo que contrastava com o clima de hostilidade entre adeptos e dirigentes.

5 – A rivalidade no mercado de transferências

Outro ponto alto da rivalidade são os constantes “roubos” de jogadores entre os clubes. Um exemplo notável foi a transferência de Carlos Manuel do Benfica para o FC Porto nos anos 80, algo que chocou os adeptos encarnados.

Mais recentemente, o caso de Fábio Silva, formado nas camadas jovens do Benfica mas que brilhou no FC Porto, reacendeu as discussões sobre a capacidade dos clubes em segurar os seus talentos.

6 – Rivalidade além do futebol

Embora o futebol seja o centro desta rivalidade, o desporto não é a única arena de confronto entre Benfica e Porto. O basquetebol, o hóquei em patins e até mesmo os bastidores políticos das federações desportivas têm sido palco de disputas acirradas entre os dois clubes.

Conclusão

Benfica e Porto são muito mais do que rivais desportivos. A sua rivalidade reflete décadas de história, disputas culturais e momentos polémicos que marcaram o futebol português.

É esta intensidade, dentro e fora dos relvados, que faz deste confronto um dos mais emocionantes e imprevisíveis do mundo.